23 de abr. de 2012

Roda mais que Especial (Parque das Mangabas, 19/04/12)


Roda muito especial, onde Urso Panda ajudou a comandar a roda, jogando, 
cantando e batendo palmas... Momento ímpar! Salve, meu bebê!

















































I Seminário Público de Capoeira


Faz que vai, mas não vai... Lento, malicioso, traiçoeiro, um verdadeiro jogo de banguela. Assim poderia definir o duelo travado entre a gestão municipal e os capoeiristas camaçarienses.

Ao longo de praticamente os dois mandatos da atual gestão, essa arte-luta foi pouquíssima apoiada e/ou reconhecida,  apensar de ser, segundo dados do próprio governo, o segundo esporte em número de praticantes em nosso município. Capoeira boa, ficou claro durante esse tempo todo, é a que serve para o picadeiro dos circos politiqueiros. A receita sempre foi a mesma: mete-se os capoeiristas e toda a sua bagagem “africaníssimamente” brasileira dentro de uma Kombi, dar-lhes um lanchinho, paga-lhes um cachê de miséria e tudo está bom, afinal parece-lhes que esse é o estipêndio da diáspora.

Recentemente, a base de ponteiras, martelos e rasteiras digitais, onde mais uma vez a ferramenta do “facebook” provou sua força e onde ainda, puxando a brasa para a minha sardinha, desempenhei papel decisivo, foi realizado um grande Seminário para se discutir os rumos da Capoeira em nosso município. Uma demanda de “cá” “pra lá”, é bom frisar. Eleitoreira ou não. Cala a boca ou não. Valeu a iniciativa e sensibilidade do ex-secretário da SEDEL. Não podemos ser levianos em não anotar isso, mas é bom também registrar que quando vimos o candidato do governo à sucessão municipal presente neste evento, nos fez ter a plena certeza de que um palanque foi armado. Já se foi o tempo em que o capoeirista era reconhecido como “brucutu”. Estamos atentos!


Entre mortos e feridos nesse jogo, a essa altura já subido para o São Bento Grande, ficou a certeza da caminhada ainda longa dessa classe tão desmerecida pelo atual chefe do executivo, reconhecidamente insensível nas questões culturais. Por falar nisso, cultura, esporte ou educação? O miserável do tal de “sombreamento”, a que a Capoeira vem sendo justificada, não se justifica mais. Em municípios como Irará, Lauro de Freitas e São Francisco do Conde, não existe sombra, nem escuridão. Essa nuvem negra só paira nas cabeças dos camaradas da árvore choradeira. Creio que, independente da “Carta dos Capoeiristas de Camaçari”,cujo teor, sem dúvida, é um avanço na discussão do papel da Capoeira em nossa sociedade, a Prefeitura poderia – sim! –, ter investido nos grupos e associações locais. A desculpa de termos uma cultura desorganizada e sombreada não nos parece politicamente correto. O Seminário organizado pela SEDEL, também serviu para provar que quando se quer, se faz – e rapidinho! Os recursos estão disponíveis. Os caminhos existem e os meios são legais.


Historicamente nada foi fácil para a Capoeira: disfarçada, proibida, usada, penalizada e discriminada. Hoje tornada em patrimônio cultural e imaterial do povo brasileiro, a arte-luta ainda não dispõe de legislações e ações claras. Continuamos lutando para que ela, juntamente com os seus baluartes, possam finalmente ocupar lugar de destaque na sociedade e na gestão pública municipal.



Salve,


Caio Marcel (Professor Crente) admcaio@gmail.com é administrador de empresas e formado em capoeira regional, pelo Grupo de Capoeira Regional Porto da Barra. Também é responsável e mantenedor do Projeto Social Crianças Cabeludas, nos bairros do Parque das Mangabas, Monte Gordo,Parque Satélite e Machadinho, em Camaçari.

Artigo publicado no Portal Camaçari Agora: http://www.camacariagora.com.br/colunista.php?cod_colunista=17